“E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios; porque presumem que pelo seu muito falar serão ouvidos. Não vos assemelheis, pois, a eles; porque Deus, o vosso Pai, sabe o de que tendes necessidade, antes que lho peçais.” (Mateus 6:7,8)
- A repetição não garante que Deus aceitará uma oração. Falar e repetir as mesmas petições não é a garantia da resposta favorável do Senhor. Jesus repreendeu os religiosos de sua época devido ao prolongamento de seus discursos em suas preces, ao passo que suas atitudes não demonstravam tamanha piedade (Lucas 20:46,47).
Deixando a hipocrisia farisaica um pouco de lado, Jesus agora se dirige a ignorância dos gentios que achavam por “seu muito falar” seriam ouvidos, ou melhor, atendidos por Deus. Os hipócritas religiosos buscavam o louvor do povo com suas longas orações públicas, enquanto que os gentios, na verdade, queriam ser ouvidos por Deus, mas tropeçavam em sua ignorância em relação a natureza do Deus Criador (Atos 17:22,23).
No desafio do monte Carmelo entre o profeta Elias e os quatrocentos e cinquenta profetas de Baal, é possível ter uma idéia da ignorância gentílica em relação ao Deus Todo Poderoso (1 Reis 18:16-40). Os profetas do deus pagão ficaram praticamente o dia inteiro levando suas odes a Baal, a ponto de chegar a se mutilarem para ver se conseguiam atiçar a atenção de seu deus, porém sem nenhuma resposta. “Ao meio-dia, Elias zombava deles, dizendo: Clamai em altas vozes, porque ele é deus; pode ser que esteja meditando, ou atendendo a necessidades, ou de viagem, ou a dormir e despertará. E eles clamavam em altas vozes e se retalhavam com facas e com lancetas, segundo o seu costume, até derramarem sangue” (vers. 27,28). Pensavam eles que através de interminável repetição e fórmulas ritualísticas, conseguiriam obter sucesso; o que não ocorreu. Foi um verdadeiro e sanguinário ritual, porém, sem resposta alguma do céu. Será que isto se assemelha a muitos “cultos” nos dias atuais? A ignorância religiosa é um dos maiores inimigos do homem para se chegar ao eterno e verdadeiro Deus.
O “segredo” da oração entre os gentios estava em seu “muito falar”, ao invés de estar na sinceridade de seus corações em conformidade com uma vida piedosa. A rejeição de Jesus aqui não está diretamente ligada ao tamanho ou a constância na oração, mostrada em outra ocasião, conforme Mateus 26:36-46, e também ordenada por Ele em Lucas 18:1-8; mas a crença que, a oração que faz efeito, está nas palavras que são proferidas, ao invés de estar primeiramente, nas atitudes daquele que se aproxima de Deus.
Repetir palavras e pedidos com negligência não conduzirá o coração do homem a uma mudança de atitude e pensamento perante Deus, fator indispensável para se comunicar com o Criador (João 4:24). A exigência que se faz é de completa devoção ao Senhor, vinda de um espírito quebrantado e um coração contrito e compungido diante dEle. “Sacrifícios agradáveis a Deus são o espírito quebrantado; coração compungido e contrito, não o desprezarás, ó Deus” (Salmo 51:17).
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